Se
todos conhecessem a intimidade sexual uns dos outros ninguém cumprimentaria
ninguém”, já dizia o escritor Nelson Rodrigues. Conhecido por sua prosa ácida e
altamente realista, ele mantinha em seus textos doses ‘semancolísticas’ de
ironia, verdades em críticas, reflexões e abordagens sobre a sociedade,
sobretudo, o casamento.
Assumir novas práticas de vida pode ser um antídoto forte na
questão Rodriguiana que muitos casais admitem e mantém. Não há tímido que
resista a poder ultrapassar limites pessoais, mesmo que certo ar reservado
insista em aparecer nas atitudes de pessoas que gostam do tema. Conhecer mais
do assunto para emitir julgamentos próprios ainda é o melhor aliado na forma de
lidar com fetiches particulares.
Desejos
x Sociedade
Estar numa boate que realiza troca de casais – mais conhecido
pelo termo Swing – garante duas opções: ou você vai pra espiar o que é
(observar como realmente acontecem as coisas) ou é um adepto da prática. “Eu
tinha muita curiosidade em saber o que era e o que acontecia nas boates assim.
Fui com meu marido a convite de uns amigos e confesso que me senti estranha na
primeira vez. Passamos a frequentar quase toda semana e hoje posso dizer que
gosto. Não sou muito ciumenta, por isso prefiro um papo muito aberto com meu
marido. Depois que experimentei gostei de ultrapassar meu próprio limite
sexual, pois sempre fui muito recatada. Aprendi a descobrir que posso gostar de
várias coisas no sexo e ninguém tem nada a ver com isso. Eu gosto e pronto”,
conta a publicitária Helena*, de 38 anos, frequentadora da atividade há quatro
anos.
Diogo* é gerente de uma casa de swing em São Paulo e conta que a
faixa etária das pessoas que frequentam o estabelecimento é sempre acima dos 35
anos e que nem sempre os casais estão em busca de sexo. “Tem que ter uma
maturidade maior e se permitir ao que o ambiente tem a oferecer. Muitos casais
frequentam apenas para observar outros casais. Eles se excitam no swing, mas
vão transar em um motel”.
Para Helena*, estar com outros casais ou simplesmente conhecer
pessoas que gostam amplia sua mente nas perspectivas gerais da questão: “Gosto
de estar com outras pessoas e me sinto feliz assim. O prazer está em saber
vivenciar as coisas sem pudores banais. A sociedade é muito preconceituosa e
hipócrita. Muita gente que frequenta o swing tem vergonha de assumir porque não
quer ser julgado. Se eu me preocupasse com julgamentos alheios, parava de
viver. Estou viva e sou extremamente feliz. Cada um sabe bem o que quer para si
mesmo”, resume ela.
Apimentando
a relação
Ponto forte na prática do swing é notar que depois da
experiência e contato com as fantasias, a intensidade da intimidade no
relacionamento cresce muito. A mudança que alguns casais percebem em seus
relacionamentos ou mesmo casamentos de anos é satisfatória. Alguns garantem que
a relação fica mais forte e mais saudável, pois o nível de cobranças sexuais
diminui e a segurança de estar com o outro se torna maior.
O que mais conta na prática da troca de casais é a reciprocidade
de ambos, pois se não houver consenso não há abertura para esse tipo de
atividade. O mais adequado é a opinião mútua pelo ato, a necessidade e
curiosidade dos dois toparem experimentar. Lidar com inseguranças e limitações
evita reações inesperadas de ciúme excessivo, neuroses ou dúvidas quanto à
prática e detalhes do swing.
Tipos
de Swing
Soft Swing – troca de parceiros com carícias, beijos e sexo
oral, sem penetração.
Hard Swing – troca de parceiros com penetração.
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* Alteramos os nomes para
garantir a privacidade dos entrevistados
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